COMISSÕES / MEIO AMBIENTE
11/11/2011 - 16h43
11/11/2011 - 16h43
Governo trabalha por ajustes em seis aspectos do novo Código Florestal
..............................................................................................................
Iara Guimarães Altafin / Agência Senado
O
governo reconhece avanços no projeto de novo Código Florestal a partir
das mudanças já aprovadas no Senado, mas ainda espera que sejam feitos
ajustes antes da votação final do texto, conforme afirmou Bráulio
Ferreira Dias, secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do
Meio Ambiente. Ele participou nesta sexta-feira (11) de audiência
pública na Comissão de Meio Ambiente (CMA).
Na
opinião do secretário, pelo menos seis aspectos precisariam ser
melhorados: incentivos econômicos para manutenção de florestas;
parâmetros para a recuperação de mata ciliar; regramento para suspensão
de multas por desmatamento ilegal; critérios para compensação florestal;
estímulos para recuperação de área degradada; e normas para evitar
incêndios florestais.
COMPARTILHE:
Quanto aos incentivos econômicos, Bráulio Dias pondera que o projeto de novo Código Florestal (PLC 30/2011)
não pode avançar na identificação de fontes para a concessão dos
benefícios, por ser essa uma prerrogativa do Executivo. No entanto, ele
considera possível incluir no texto critérios para nortear a
implementação de incentivos para os que cumprem a lei florestal.
-
Seria injusto estabelecer mecanismos apenas para estimular a
recuperação. Temos que estimular também todos aqueles que mantêm as
florestas - disse.
Essa também é a
opinião de José Carlos Carvalho, ex-ministro do Meio Ambiente e
superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável. Ele entende que o
pagamento por serviços ambientais deve ser direcionado aos agricultores
que protegerem as Áreas de Preservação Permanente (APP)
e de reserva legal. Para o ex-ministro, os produtores interessados em
recompor áreas desmatadas poderão se beneficiar de outros instrumentos,
como condições favoráveis de crédito, por exemplo.
Recuperação de APP
Entre
as expectativas do governo está um dos aspectos polêmicos do novo
código: os parâmetros mínimos para recomposição de APPs ao longo dos
rios. O substitutivo
em exame no Senado já prevê obrigação de o proprietário que desmatou
recompor pelo menos 15 metros de mata ciliar em rios com até dez metros
de largura. No entanto, de acordo com Bráulio Dias, o governo quer
incluir regras também para rios mais largos.
Nesse
sentido, o presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF),
apresentou emenda propondo faixas de mata a serem recuperadas, em
dimensões que variam conforme a largura dos rios. O parlamentar busca
acordo entre os senadores para incluir a emenda no relatório sobre o
projeto que o senador Jorge Viana (PT-AC) apresentará na CMA, onde o
texto tramita neste momento.
O
projeto já recebeu substitutivo do senador Luiz Henrique da Silveira
(PMDB-SC), aprovado nas Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania
(CCJ), de Agricultura (CRA), e de Ciência e Tecnologia (CCT). Jorge
Viana deverá apresentar seu relatório na CMA no próximo dia 16 e o texto
deverá ser votado no dia 22, seguindo então para o Plenário.
Regularização de atividades em APPs
O
governo também defende regras mais claras quanto aos aspectos práticos
dos Programas de Regularização Ambiental (PRAs). Esses programas devem
balizar as ações necessárias a tornar regulares as chamadas áreas consolidadas
em APPs, ou seja aquelas em que foram desenvolvidas atividades
agrícolas de maneira irregular ao longo dos anos. Conforme Bráulio Dias,
a manutenção de áreas consolidadas não pode comprometer as funções
ecológicas das APPs.
- Se perdermos
o solo, a água, a biodiversidade, os recursos genéticos, e os
polinizadores, a própria atividade agrícola se torna insustentável -
alertou ele.
Já a preocupação de
André Lima, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, e de Roberto
Smeraldi, diretor da organização Amigos da Terra, é com o risco de a
suspensão das multas com a criação dos PRA se traduzir em anistia. Para
eles, o benefício deve estar atrelado ao compromisso de recomposição da
vegetação.
André Lima lembra que
legislação em vigor desde 1998 estabelece como crime a ocupação de APP,
sendo incorreto regularizar de forma geral essas ocupações.
-
A consolidação de uso de áreas abertas precisa ser restrita,
principalmente em bacias hidrográficas que já estejam comprometidas -
opinou.
Compensação
Quanto
à possibilidade de compensação de área desmatada em propriedade fora do
estado onde ocorreu o desmatamento, Bráulio Dias considera necessário o
aprimoramento dos critérios para permitir a compra de nova área ou de
cota de reserva florestal.
-
Originalmente, a previsão era que isso fosse feito dentro da microbacia,
mas constatou-se que seria muito restritivo. Mas também não se pode
ampliar em demasia. A definição de critérios é essencial para que isso
seja implementado de forma correta.
O
secretário também defendeu a inclusão de estímulos à ampliação do uso
de recursos florestais, à agregação de valor e à estruturação de
mercados de produtos ou subprodutos florestais.
-
A Floresta Amazônica, por exemplo, não será sustentável se continuar
sendo exportadora de matéria prima. Temos que estimular a agregação de
valor e gerar emprego e renda, valorizando a floresta e seu
aproveitamento - afirmou.
No
debate, Jorge Viana voltou a destacar a importância de se considerar as
florestas como ativos econômicos e não como obstáculos ao
desenvolvimento.
Incêndios florestais
Frente
à gravidade dos incêndios florestais ocorridos no país nos últimos
anos, Bráulio Dias disse que o governo quer complementar a parte do novo
código que trata dessa questão. Conforme ressaltou, será necessário
detalhar melhor os mecanismos claros para ação de controle de incêndios.
Iara Guimarães Altafin / Agência Senado
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Bem vindo, Obrigado pela participacao!
ass. Angelo Roncalli
Conheça um pouco mais do Blog | Voltar a página inicial