02/02/2012 - 19h20
José Paulo Tupynambá / Agência Senado
Em
pronunciamento na abertura do ano legislativo de 2012, nesta
quinta-feira (2), o presidente do Congresso Nacional, senador José
Sarney (PMDB-AP), pediu limites para a edição de medidas provisórias e
alterações no sistema eleitoral e partidário. No discurso mais
contundente da solenidade, o presidente do Senado Federal afirmou que a
interferência das MPs é o problema mais grave que enfrenta hoje o
processo legislativo brasileiro.
-
Elas continuam a ser uma armadilha no aprofundamento da democracia,
pela sua amplitude e pelo tempo exíguo para serem analisadas, sendo uma
porta aberta à baixa qualidade das leis e invasão de dispositivos
casuísticos e inoportunos - afirmou o senador.
Para
Sarney, as MPs, fruto do "hibridismo parlamentarista e
presidencialista" dos constituintes de 1988, comprometem a iniciativa
legislativa e o próprio tempo de trabalho dos congressistas.
-
É necessário construir-se uma solução que devolva ao Executivo muitas
atribuições que agregamos e que nada têm a ver conosco, mas dizem
respeito à rotina do Poder Executivo. E restringirmos às Medidas
Provisórias a amplitude dos assuntos que abordam, retornando-os à
competência do Legislativo - afirmou o presidente, lembrando sua
condição de "uma das vidas públicas mais longas do país" para assinalar
suas muitas frustrações ao tentar resolver o assunto, "há vários
governos".
Sarney afirmou que a internet e as
mídias sociais projetam para o futuro a volta da democracia direta
exercida na antiga Grécia. Mas, enquanto o futuro não se concretiza, é
preciso empreender a reforma do sistema eleitoral e partidário.
-
O voto proporcional uninominal, tenho insistido, esgotou-se e há muito
devia ter sido eliminado de nosso sistema político. É preciso que
cheguemos a um modelo em que o eleitor se sinta vinculado ao eleito e
este, naturalmente, conheça e respeite seu eleitor - afirmou o
presidente do Senado, ressaltando a necessidade de se reforçarem os
princípios programáticos dos partidos.
Por fim, Sarney afirmou que uma das primeiras tarefas do Parlamento em 2012 é criar uma comissão de "grandes experts" para estudar as relações federativas, para ele "cada vez mais esgarçadas".
- Federação e República andam juntas e precisamos refundar essa visão - afirmou Sarney.
Mensagem
O
fortalecimento programático dos partidos também foi enfatizado pela
presidente Dilma Rousseff no único tema de trabalho do Congresso
Nacional em 2012 mencionado em sua mensagem ao Congresso Nacional: a
reforma política.
"Entendemos que são
necessárias mudanças que fortaleçam o sentido programático dos partidos
brasileiros e aperfeiçoem as instituições, permitindo maior
transparência ao conjunto da atividade pública", escreveu a presidenta,
no texto trazido pela ministra da Casa Civil, a senadora licenciada
Gleisi Hoffmann, e lido pelo deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), 1º
secretário da Mesa do Congresso.
Na mensagem -
cuja maior parte relaciona feitos do Poder Executivo e seus projetos
para o próximo ano -, a presidente agradeceu ao Congresso a aprovação de
"projetos fundamentais" em 2011, citando o Plano Brasil Maior, a
Desvinculação das Receitas da União (DRU), a política de valorização do
salário mínimo e a legislação do Brasil sem Miséria, entre outros.
Também citou a unanimidade na aprovação da Comissão da Verdade e a
aprovação da Lei de Acesso a Informações Públicas, "dois avanços
significativos, que contribuem para fortalecer e consolidar a democracia
no Brasil e cuja ação efetiva e efeitos práticos já começarão a ser
vivenciados em 2012".
Judiciário
Representando
o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, o
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e também integrante do
STF, ministro Ricardo Lewandowski destacou o trabalho conjunto entre os
dois poderes, exemplificado na aprovação da Lei 12.506, de 2011, que
instituiu o aviso-prévio de até 90 dias para o trabalhador.
A
lei foi aprovada pelo Congresso após suspensão de julgamento do STF, em
junho, sobre o assunto. Isso possibilitou que a Câmara dos Deputados e o
Senado Federal aprovassem a lei, cuja sanção findou "uma omissão de 23
anos" sobre um direito dos trabalhadores previsto na Constituição.
-
Este foi um dos mais notáveis resultados do permanente e profícuo
diálogo institucional que o Legislativo e o Judiciário vêm travando já
há algum tempo - afirmou o ministro, que citou ainda a "ativa
participação" dos Poder Judiciário nas discussões sobre as reformas do
Códigos de Processo Civil, do Código Penal e do Código Eleitoral.
Ele
também destacou os avanços quantitativos e qualitativos obtidos nos
trabalhos da Suprema Corte, além de julgamentos importantes realizados
em 2011, como a validade da Lei da Ficha Limpa apenas para as próximas
eleições e a destinação da vaga decorrente de afastamento temporário de
parlamentar à coligação formada na época da eleição, e não ao partido,
entre outros.
Câmara
O
presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia (PT-RS),
enfatizou que o tempo para as deliberações legislativas em 2012 será
reduzido, uma vez que terá de ser compatibilizado com a agenda das
eleições municipais. O deputado afirmou que a eleição municipal "sempre
propicia um debate importante", pois "questões e problemas que afligem o
cotidiano são revelados com grande veemência".
-
Certamente, desse debate eleitoral também surgirão novos desafios para o
Legislativo federal, o que nos permitirá continuar desenvolvendo nossos
trabalhos em plena concordância com os anseios e as necessidades do
nosso país. Aliás, essa deve ser a nossa obsessão: procurar aferir
continuamente o que deseja o povo brasileiro - afirmou.
Canhões
A
solenidade em Plenário foi antecedida por uma cerimônia militar nas
adjacências do Congresso Nacional, quando o presidente José Sarney
passou a tropa em revista, com os 21 tiros de canhão da Salva de Gala
sendo feitos pelo 32º Grupo de Artilharia de Campanha (Bateria Caiena). O
Hino Nacional foi executado pela Banda do Batalhão da Guarda
Presidencial, do Exército Brasileiro, ao mesmo tempo em que foram
hasteadas as bandeiras das duas Casas Legislativas. No Plenário, houve
nova execução do Hino Nacional, desta vez pela Banda dos Fuzileiros
Navais do Distrito Federal.
José Paulo Tupynambá / Agência Senado
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