COMISSÕES / ASSUNTOS ECONÔMICOS
04/11/2011 - 18h38
Senadores
querem urgência na definição de novas bases para os juros e a correção
da dívida dos estados e municípios com a União. O assunto ganhou
destaque na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nessa semana,
intercalado ao debate sobre o Projeto de Resolução 42/2011, do senador
Casildo Maldaner (PMDB-SC), que flexibiliza os atuais critérios de
adimplência desses entes federativos na renegociação de débitos com as
próprias instituições financeiras credoras.
- O
projeto do senador Casildo Maldaner é importante, só que precisamos ir
mais fundo - defendeu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) na última
terça-feira (1º).
De
acordo com Lindberg, o Senado e a CAE não podem "cruzar os braços". Ele
sugeriu a busca de um canal de negociação com o Ministério da Fazenda,
onde disse existir interlocutores conscientes de que a dívida chegou a
um ponto em que ficou impagável.
Conforme o
senador, o Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal dos
Estados, instituído em lei de 1997, foi adotado em contexto muito
diferente em relação ao que o país vive hoje. Observou que a taxa básica
de juros (a Selic), situada em 38% no final de 1997, hoje está em 11,5%
e ainda vai cair mais. No entanto, estados e municípios estão pagando
juros à União taxas entre 17,3% e 20,3%.
O
senador destacou ainda que os contratos de refinanciamento das dívidas
são majorados por taxas básicas entre 6% e 9%, mais o IGP-DI, um índice
de correção que incorpora a variação dos preços das commodities e
que chegou no ano passado a 11,3%. Nessas condições, conforme
assinalou, as dívidas não param de crescer. Como exemplo, citou o caso
de Minas Gerais, que tinha uma dívida de R$ 17 bilhões em 1997, pagou
desde então R$ 16 bilhões e continua devendo R$ 55 bilhões.
-
Todos os governadores deste país estão se levantando. Recentemente,
houve um encontro dos cinco governadores do PT, que saíram com uma nota
muito dura, dizendo que é necessário reorganizar o perfil da dívida e
reduzir o repasse de juros - disse.
O
presidente da CAE, Delcídio Amaral (PT-MS), disse que o colegiado já
está engajado no debate, tanto que já está sendo providenciada uma
audiência para tratar do tema. Romero Jucá (PMDB-RR) concordou que o
assunto precisa entrar na "ordem do dia". Por conta disso, conforme
disse, seu partido já se reuniu e deliberou que é necessário mudar o
indexador das dívidas. Lembrou que senadores Luiz Henrique (SC) e
Eduardo Braga (AM) já apresentaram projetos em nome da bancada.
Problema futuro
Blairo
Maggi (PR-MT) afirmou que se nada for feito "ainda está por vir" o pior
da questão das dívidas com a União: ao fim dos prazos de pagamento - a
partir de 2023 - os estados terão de pagar o saldo devedor. Assinalou
que essa quitação terá de ser feita em dez prestações de igual valor. No
caso do Mato Grosso, que governou até antes de assumir o mandato de
senador, ele disse que havia uma dívida com a União de R$ 5 bilhões, em
oito anos foi pago o mesmo montante, restando ainda o mesmo volume de
dívida a pagar.
- Quer dizer que [o estado] patinou, patinou e não saiu do lugar - lamentou.
O
senador pelo Mato Grosso comentou ainda que o estado está buscando
alternativa para fugir do pesado custo da dívida com a União. Depois de
três anos de discussões com o governo federal e a Secretaria do Tesouro
Nacional (STN), conseguiu chegar a acordo para recorrer ao mercado em
busca de dinheiro mais barato para antecipar o pagamento da dívida
federal. A economia de juros será uma folga para investimentos em
infraestrutura que hoje não podem ser feitos.
- Talvez alguns estados possam sair por aí, desde que o mercado entenda que este é um estado com bom rating [qualidade de risco] para fazer isso - considerou Blairo Maggi.
Gorette Brandão / Agência Senado
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