PLENÁRIO
26/12/2011 - 13h07
26/12/2011 - 13h07
Marcos Magalhães / Agência Senado
No
momento em que o Brasil consolida um novo papel político e obtém o
posto de sexta maior economia do mundo, superando o Reino Unido, o
alcance internacional da presença brasileira entra em pauta no Senado.
Logo após o recesso parlamentar, deverá ser votado em Plenário o projeto
de lei da Câmara (PLC 122/11)
que estabelece a criação de 400 cargos de diplomata e de 893 cargos da
carreira de oficial de chancelaria, para provimento gradual ao longo dos
próximos quatro anos. A matéria tramita em regime de urgência .
Embate
De
um lado, o governo empenha-se em demonstrar a importância da ampliação
do quadro do Itamaraty, ao assinalar o "maior protagonismo brasileiro"
no cenário econômico e político mundial. Na exposição de motivos
encaminhada pelo então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim,
ressalta-se o empenho no cumprimento de metas da política externa, como a
integração da América do Sul, a aproximação com a África e a
"transformação da relação do Brasil com as grandes potências". De outro,
a oposição critica o alto custo, em tempos de austeridade, da ampliação
dos quadros do Itamaraty: aproximadamente R$ 600 milhões.
Ao
apresentar seu voto contrário à proposta, na CCJ, o senador Demóstenes
Torres (DEM-GO) questionou a "importância estratégica" dos países onde o
Brasil tem estabelecido novas representações diplomáticas. Ele recordou
que o comércio com muitos desses países tem sido bastante limitado,
citando o exemplo da Tanzânia (US$ 18,5 milhões) e de São Tomé e
Príncipe (US$ 600 mil). Além disso, recordou que o Orçamento da União
para 2012 deixou de fora reajustes para funcionários públicos.
- Não podemos, neste momento, aumentar gastos. Isso é uma loucura! - criticou.
Em
resposta, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) disse ser necessário se
pensar o país no longo prazo. Os investimentos brasileiros na expansão
de sua presença na África, no Caribe e no Oriente Médio, a seu ver,
justificam-se pelos resultados obtidos. Apenas com a África, observou,
houve um aumento de US$ 2 bilhões no comércio, que alcançou US$ 11
bilhões até novembro. Ela ressaltou também o "retorno político" dos
investimentos: em seis anos, mencionou, houve um aumento de 31% no
número de embaixadas estrangeiras em Brasília.
-
Se queremos continuar a ter essa expansão econômica em outros países,
acompanhada de prestígio internacional, nada mais justo que dar esses
cargos para o Itamaraty, que é um orgulho brasileiro - disse Marta.
O
relator do projeto na CCJ, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), afirmou, na
mesma reunião, que o projeto não pode ser debatido apenas pelo que
representa em termos de despesas para o Tesouro. Ele lembrou que o
aumento da presença internacional brasileira levou à criação, desde
2006, de 32 novas embaixadas e 15 repartições consulares. Atualmente,
como informou, o Brasil conta com 228 missões diplomáticas em todo o
mundo.
- Esse projeto tem que ser olhado pelo
novo papel estratégico, pelo novo papel político que o Brasil passou a
desempenhar no cenário internacional - disse Luiz Henrique.
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