Sylvio Coutinho/Divulgação | FONTE: Agência Minas
Obra mostra integração do estádio ao complexo arquitetônico da lagoa
BELO HORIZONTE (28/12/11) - As obras de modernização do Mineirão cumprem
o cronograma técnico de reconstrução e, cada vez mais, amplia a agenda
pioneira no país de sustentabilidade não somente ambiental, mas também
social e cultural. A responsabilidade com o meio ambiente está se
tornando parte da rotina, o que instiga o desafio de buscar práticas
eficientes e duradouras para o desenvolvimento sustentável. Nesse
sentido, a reforma do Mineirão é um exemplo, porque desde o início o
projeto de modernização previu ações de inclusão social e a preservação
da fachada do estádio - um bem cultural para Minas.
A responsabilidade cultural norteia esse desafio de modernizar um
patrimônio com 46 anos de história. Além de ter a fachada tombada, o
Mineirão está situado numa região prestigiada pelo verde e seus
exemplares arquitetônicos modernistas. Esse diálogo entre estádio e
entorno reforça ainda mais esse comprometimento.
Atualmente, 1.500 operários trabalham na obra. Entre eles há
detentos, funcionários com mais de 50 anos de idade em processo de
alfabetização, passando pelo time feminino de operárias. Todos são
devidamente capacitados. Um dos melhores exemplos dessa inclusão é o
curso de alfabetização oferecido aos empregados dentro do estádio.
Muitos não sabiam escrever seus nomes. Hoje, comemoram abertura de
contas em banco e parcelamento de compras no comércio, por exemplo. João
Pereira da Costa trabalha como carpinteiro na obra, tem 50 anos, e
exerce o ofício desde 1987. Frequentou uma escola pública durante apenas
uma semana na vida, quando tinha 7 anos. Não sabe ler e escreve apenas o
próprio nome, mecanismo que aprendeu aos 21. “Para mim, esse curso está
sendo muito importante. Minhas filhas estão me elogiando muito. Os dias
da semana eu já identifico, sei de cor”, revela. Os detentos também têm
motivo para comemorar. Um deles foi eleito o operário do mês de
outubro.
Para o secretário da Secopa, Sergio Barroso, a reforma de um estádio é
uma obra social. “Dar ao operário uma possibilidade de se educar ou ao
detento a chance de ter uma vida digna é uma contribuição que não tem
preço. Além do fator humano, existe o compromisso ambiental, que vem
sendo cumprido à risca não apenas para a obtenção de certificação, mas
principalmente porque é uma forma de reservar um bom futuro aos que
virão”, defende Barroso.
Mineirão verde
Uma das ações de sustentabilidade ambiental adotadas da reforma do
Mineirão é o sistema para lavagem dos pneus dos veículos, essencial para
redução da sujeira nas vias públicas e diminuição da poeira. A água
usada para lavagem das rodas é reutilizada. Ao ser captada por calhas e
destinada para um sistema de tratamento, a água é tratada e bombeada
para uma caixa d’água, e assim volta a abastecer o sistema de lavagem.
Uma prática simples que gera limpeza e economia de aproximadamente 80
mil litros de água por dia e de cerca de R$ 500 mil até o final da obra.
A obra também reaproveita cerca de 90% dos resíduos (concreto, terra e
metal).
Quando a reforma terminar, em 21 de dezembro de 2012, o novo Mineirão
terá sistema para reaproveitamento da água de chuva em um reservatório
de aproximadamente 6.000.000 de litros, quantidade suficiente para
descarga de sanitários, irrigação do gramado e jardins, e limpeza das
áreas externas em caso de estiagem de três meses.
A energia terá ainda fonte limpa. Células fotovoltaicas vão captar
energia solar para geração de energia elétrica, com potência de 1,6
megawatt, o suficiente para atender a 1.100 residências de médio porte.
“São medidas ambientais que podem tornar o estádio uma referência
nacional em sustentabilidade. Além de já obedecer critérios rigorosos de
economia e reaproveitamento de recursos, a obra vai deixar um legado de
expertise na redução de impactos ambientais”, diz o gerente do Projeto
Copa Sustentável da Secopa, Vinícius Lott.
O Mineirão tem contratado o serviço de consultoria Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), habilitado
a acompanhar obras que priorizam práticas sustentáveis junto ao
conselho do Green Building Council Institute (GBCI), organização com
sede nos Estados Unidos que confere a certificação.
O estádio pretende conquistar o certificado “Nova Construção e Renovação Principal” (New Construction and Major Renovation),
conferido a projetos de reconstrução. A avaliação da obra está baseada
em critérios, como localização sustentável, eficiência no uso da água,
energia e atmosfera, materiais e recursos e, por último, qualidade do
ambiente interno.
Desde o início das obras no Mineirão, em 2010, existe o controle dos
processos e registro rigoroso dos documentos exigidos para a
certificação, tendo o acompanhamento das práticas no local por um
profissional habilitado com o credenciamento “Leed AP”, requisito
obrigatório para a certificação.
“A Minas Arena tem muito orgulho e também consciência da
responsabilidade de estar à frente desse empreendimento, que alia o
antigo ao moderno de maneira sustentável. Estamos inaugurando um novo
modelo de gestão no mercado brasileiro”, conclui o diretor-presidente da
Minas Arena, concessionária do Mineirão, Ricardo Barra.
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ass. Angelo Roncalli
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