16/12/2011 - 17h02
Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Edição: Lana Cristina//A matéria foi ampliada às 17h25
Brasília – A Receita Federal confirmou hoje (16) o início da Operação
Passos Largos para combater a importação irregular de calçados, como
antecipou na última quarta-feira (14) a Agência Brasil.
Operações parecidas estão sendo planejadas para os setores ótico, de
pneus e de brinquedos, considerados problemáticos pelo Fisco e por
fabricantes nacionais.
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Para operacionalizar a Operação Passos Largos, a Receita Federal
assinou convênio técnico com a Associação Brasileira das Indústrias de
Calçados (Abicalçados), que permitirá a troca de informações entre a
entidade e a Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana) para
melhorar a identificação dos produtos irregulares que chegam ao país.
“Nós estamos conversando com vários setores para ver quais necessitam
de medidas assemelhadas. Com o setor de calçados, a nossa expectativa é
de uma parceria muito produtiva, que possibilitará mais agilidade na
identificação e classificação dos produtos [que vêm do exterior]”, disse
a secretária adjunta da Receita Federal, Zayda Manatta.
Como fez com a Operação Panos Quentes 3, a Receita irá, a partir da
próxima segunda-feira (19), mudar os procedimentos aduaneiros, com as
mercadorias submetidas a um regime especial de controle. Ou seja, os
produtos passarão a ser direcionados para os canais vermelho e cinza.
Com isso, as mercadorias podem ficar retidas para averiguação por 90
dias, com o prazo podendo ser prorrogado por igual período.
Na importação, há quatro canais de parametrização das cargas: verde
(não há conferência documental nem física da carga), amarelo (realiza-se
somente a análise da documentação), vermelho (que implica a verificação
documental e física) e cinza (quando há suspeita da ocorrência de
fraude, situação em que a carga somente é liberada mediante apresentação
de garantia pelo importador).
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
(Abicalçados), Milton Cardoso, lembrou que o Brasil já abriu processo
para investigar a triangulação de produtos, feita pelo Vietnã e a
Indonésia. A triangulação é uma prática irregular de comércio exterior
por meio da qual um produto fabricado em determinado país é exportado
por meio de outro com certificação de origem irregular.
“Esses ainda fabricam [Vietnã e Indonésia], mas existem outros, como
Hong-Kong, Macau, Bélgica e Alemanha, cujas importações chegam no Brasil
como se os calçados fossem fabricados lá”, disse Cardoso. Outro
problema, alertou, é que o excedente mundial, após a queda no consumo
causada pela crise mundial, tem levado os produtores de outros países a
direcionar suas mercadorias para o Brasil.
Na Operação Panos Quentes 3, iniciada em agosto, 521 declarações de
importação foram fiscalizadas, sendo que 180 delas apresentaram
irregularidades. De um total de US$ 26 milhões de importações, US$ 11,34
milhões foram identificadas com irregularidades, que incluíam desde o
volume informado até a origem dos produtos.
O diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria
Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, destacou a importância
das operações da Receita Federal no combate a importações irregulares.
Segundo ele, em 2007, o Brasil importava vestuário a US$ 7 por quilo,
valor muito aquém do preço médio mundial.
Com as medidas, o preço passou para um valor “mais realista”, de US$ 17
por quilo. “As medidas da Receita confirmaram a suspeição. O valor de
US$ 7 por quilo não pagava, muitas vezes, a matéria-prima incorporada ao
produto final importado. Com a Operação Panos Quentes 3 e outras
medidas do governo, estamos com o preço razoável e em níveis
internacionais”, disse.
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