O senador Vital do Rêgo, presidente da Comissão de Orçamento, e o deputado Arlindo Chinaglia, relator-geral da proposta para 2012. Os municípios brasileiros com até 50 mil habitantes poderão apresentar emendas diretamente para a proposta orçamentária para 2012 em tramitação na Comissão Mista de Orçamento (PLN 28/11). Essa é a principal novidade do relatório preliminar ao projeto, entregue nesta quinta-feira pelo relator-geral, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
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Pelo texto, os municípios poderão
indicar uma emenda no valor de R$ 300 mil a R$ 600 mil, dependendo do
tamanho da população, entre oito ações previamente determinadas no
relatório, nas áreas de educação, saúde básica, infraestrutura urbana e
sanitária, agricultura, prevenção de desastres e recuperação de estradas
vicinais. A lista das cidades está no Anexo V do relatório preliminar.
“É uma ação inédita. Estamos
inaugurando uma nova fase na comissão”, disse Chinaglia. Para garantir a
participação da população, o relatório determina que a emenda será
definida em audiência pública promovida conjuntamente pela prefeitura e a
câmara de vereadores, com ampla participação social.
O resultado da audiência será
comunicado à Comissão de Orçamento, por correspondência, com data de
postagem até o dia 23 de novembro. A correspondência deve identificar a
obra a ser financiada com a emenda. A participação da prefeitura e das
câmaras de vereadores é uma forma, segundo o relator, de garantir a
“institucionalidade” da decisão.
Os recursos serão repassados mediante
transferência direta para as contas das prefeituras (modalidade de
aplicação 40, no jargão técnico). Caso a cidade não escolha a área
beneficiada até a data limite, os recursos serão endereçados à saúde
básica. Segundo o relator, 4.953 municípios brasileiros (89% do total)
vão ser favorecidos com as emendas, atingindo um universo de 65 milhões
de pessoas.
O deputado explicou que a ideia da
emenda de iniciativa popular surgiu da sua experiência nas audiências
públicas que participou em 11 estados, no início do mês, para discutir o
projeto do Orçamento para 2012. Nos encontros, Chinaglia disse que a
tônica era a cobrança por mais recursos federais para atender problemas
específicos dos estados.
Valor carimbado
O parecer destina R$ 2,209 bilhões
para as emendas dos municípios. Essa é a única despesa, ao lado das
emendas parlamentares, que o relatório “carimba”. Para as emendas
individuais dos parlamentares, é destinado o mesmo valor do ano passado
(R$ 13 milhões por parlamentar), que totaliza R$ 7,722 bilhões. As
emendas coletivas receberam R$ 11,1 bilhões. Todos os recursos sairão do
acréscimo de receita aprovado nesta semana pela comissão.
As três destinações são as únicas com
valores identificados no relatório preliminar. Chinaglia elencou uma
lista de despesas que atenderá, mas não se comprometeu com números.
A estratégia é definir valores nas
negociações com o governo, os demais poderes e os integrantes do
colegiado, com o relator atuando como interlocutor de todas as partes. É
o caso, por exemplo, dos reajustes para servidores públicos, a
compensação para os estados exportadores (Lei Kandir), e a revisão de
benefícios previdenciários equivalentes e superiores ao salário mínimo.
Relatores setoriais
Além de estimular a participação
social na decisão da alocação dos recursos federais, o relatório
preliminar traz ainda outra marca que o diferencia dos anos recentes.
Chinaglia destinou uma parte substancial da reserva de recursos –
composta do acréscimo da receita e de parte da reserva de contingência –
para os dez relatores setoriais atenderem as emendas de bancadas e
comissões.
São R$ 6,1 bilhões, o triplo do que
foi reservado para os setoriais no ano passado. Essa medida dará mais
poder à fase setorial do Orçamento, descentralizando a definição das
despesas de 2012.
Em compensação, o relatório reduz a
margem de remanejamento de recursos para os relatores setoriais. Eles só
poderão cancelar até 20% do total programado para investimento. Se o
investimento for do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a
margem de cancelamento é ainda menor (10%).
No ano passado esses percentuais eram
de, respectivamente, 30% e 15%. O corte de dotação é feito para liberar
recursos, que são apropriados pelo relator setorial para atender áreas
de seu interesse.
Votação do relatório
O presidente da comissão, senador
Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que pretende colocar o relatório
preliminar em votação na próxima semana – na quarta (26) ou na quinta
(27). O prazo de apresentação de emendas começa nesta sexta (21) e vai
até terça (25).
Esse cronograma vai depender de negociação com os parlamentares com assento no colegiado, que agora vão se inteirar do texto.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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