PLENÁRIO / VOTAÇÕES
20/12/2011 - 19h09
20/12/2011 - 19h09
Paola Lima / Agência Senado
Foi aprovada em segundo turno nesta terça-feira (20) no Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 114/2011,
que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 31 de
dezembro de 2015. A matéria não teve apoio da oposição, obtendo 55 votos
favoráveis, 13 contrários e uma abstenção. A emenda deve ser promulgada
em sessão conjunta do Congresso marcada para as 11h desta quarta-feira
(21).
A DRU
consta do artigo 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
e dá ao governo flexibilidade para gastar até 20% do dinheiro
arrecadado com impostos, contribuições sociais e de intervenção no
domínio econômico, excetuando as contribuições previdenciárias. Em 2012,
esse montante corresponderá a R$ 62,4 bilhões. A validade desta
autorização, no entanto, terminaria no próximo dia 31 de dezembro. Com a
aprovação da PEC, a vigência desse instrumento fica prorrogada por mais
quatro anos.
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O governo afirma que a prorrogação
da DRU é imprescindível diante do engessamento da peça orçamentária. Um
dos argumentos é o de que a Constituição teria estabelecido uma
quantidade excessiva de vinculações dos recursos do Orçamento, que,
apesar de assegurar gastos mínimos em determinadas áreas, como as
sociais, também dificultaria a agilidade na execução orçamentária. Além
disso, o elevado número de gastos obrigatórios (como salários,
aposentadorias, saúde e educação) e de tributos vinculados (como Cofins,
PIS-Pasep, CSLL, Cide) deixaria pouco dinheiro para ser investido em
áreas que podem se tornar prioritárias, como as obras de infraestrutura
urbana para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Um
exemplo de remanejamento dos recursos pela DRU seriam a arrecadação da
Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), paga
pelas empresas. A estimativa é de que o governo recolha R$ 174 bilhões
em 2012, que deveriam ir obrigatoriamente para programas de seguridade
social (saúde, previdência e assistência social). Com a DRU, esses
setores ficarão com 80% da arrecadação, algo em torno de R$ 139,2
bilhões (80%). Os 20% restantes, R$ 34,8 bilhões, serão aplicados
conforme a conveniência do governo, como para pagamento dos juros da
dívida pública.
Contestação
Mais
uma vez, a oposição defendeu a prorrogação por apenas dois anos, para
que o Congresso tenha mais controle e possa fiscalizar com mais
eficiência os gastos do governo federal. A ideia, no entanto, foi
derrubada em Plenário.
A
contestação da matéria foi feita basicamente por dois senadores do
PSDB: Aloysio Nunes (SP) e Alvaro Dias (PR). De acordo com Aloysio
Nunes, o governo não merecia esse voto de confiança porque a presidente
Dilma Rousseff teria se esquecido da promessa feita ao assumir o cargo
de que o combate à miséria seria feito junto à melhora de condições de
saúde, segurança e educação.
Além disso, há
poucos dias, o governo foi contrário à aplicação de mais recursos na
saúde, quando foi votada a regulamentação da Emenda 29 (PLS 121/2007
- Complementar). Para Aloysio, na área da educação, o atual ministro,
Fernando Haddad, está fazendo questão de "desmoralizar o Enem" e, em
segurança pública, o Brasil continua campeão mundial de homicídios.
-
Como dar crédito a um governo que desacelera a economia, gerido por
alguém que foi apresentada como a 'mãe do PAC', quando, na verdade, em
sua Presidência, apenas 12% dos recursos do PAC foram efetivamente
gastos, segundo dados apresentados pela ministra do Planejamento,
Orçamento e Gestão, Miriam Belchior? Não merece confiança um governo
que, tendo recursos disponíveis, não consegue liberar esses gastos -
questionou.
Já Alvaro Dias explicou que a DRU
foi criada durante o governo do PSDB para uma necessidade específica de
planejamento num cenário de inflação, que já não existe nos dias de
hoje. O senador lembrou que, àquela época, o PT foi contrário à DRU.
-
Com os pressupostos básicos implantados pelo Plano Real, não há razão
para implementação desse mecanismo, e isso retrata uma incompetência de
gestão. A prorrogação da DRU é sinônimo de má fé, diz que o Orçamento é
uma peça de ficção. O que se deseja é um cheque em branco de R$ 62
bilhões para uso aleatório especialmente em ano de eleições - criticou.
Sem querer atrasar a sessão, os senadores da base do governo preferiram não discutir a DRU mais uma vez em Plenário.
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ass. Angelo Roncalli
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