12/1/2012
Matéria publicada no Jornal Estado de Minas
por Marcelo da Fonseca, Amanda Almeida, Josie Jerônimo, Vinícius Sassine e Juliana Braga
por Marcelo da Fonseca, Amanda Almeida, Josie Jerônimo, Vinícius Sassine e Juliana Braga
Segundo o superintendente da AMM,
Gustavo Persichini, os trabalhos para liberação dos recursos
emergenciais esbarra muitas vezes no desconhecimento dos passos a seguir
para receber o dinheiro em momento de grandes dificuldades estruturais
por causa das chuvas. “A necessidade está perdendo para a burocracia, e
em alguns lugares a situação é tão caótica que muitos prefeitos não
sabem como fazer para garantir o atendimento de suas principais
demandas”, comentou Gustavo. O superintendente explicou ainda que a
equipe técnica da AMM está à disposição das prefeituras para auxiliar
nas demandas mais urgentes e nos trabalhos de reconstrução.
O Ministério da Integração Nacional anunciou nessa quarta-feira a liberação de R$ 30 milhões para socorrer municípios atingidos pelas chuvas em Minas Gerais. O valor ficou abaixo do prometido no ano passado, quando foram reservados R$ 50 milhões dos cofres do governo federal para compras de emergência, como alimentos, combustível e abrigo para as vítimas, verba que, somada aos repasses ao estado, ficaria em R$ 70 milhões, dos quais apenas a metade foi gasta até o fim do ano.
No total foi autorizada a liberação
de R$ 75 milhões paras ações emergenciais em decorrência das chuvas nas
últimas semanas. Além de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espirito Santo
deverão dividir as verbas, sendo R$ 25 milhões para os fluminenses e R$
20 milhões para os capixabas. Os recursos serão repassados aos governos
estaduais e municipais por meio de um cartão de pagamentos da Defesa
Civil.
Apesar de o ministro da Integração,
Fernando Bezerra, ter dito que o objetivo do cartão é “desburocratizar” o
processo, fontes do governo de Minas temem efeito contrário: para eles,
o dinheiro pode não chegar a tempo de atender os atingidos pelas
chuvas. O problema seria justamente a burocracia, já que o governo
federal tem de reconhecer a situação de emergência dos municípios, mesmo
já tendo sido homologada pelo Executivo estadual. Além disso, o
ministério exige abertura de uma conta e criação do Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica (CNPJ), entre outros passos. Segundo as fontes, o
governo preferiria que a verba fosse repassada diretamente à
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.
Ao anunciar a liberação, o ministro
da Integração Nacional disse acreditar que a burocracia poderá ser
vencida pelos municípios. “Eu acredito que os estados deverão atender
essa exigência (a aquisição do cartão de pagamento) ao longo da semana. A
presidente Dilma tem reiterado que não faltarão recursos para atender e
assistir a população ou para auxiliar estados e municípios atingidos”,
disse Bezerra.
... espreme R$ 7,25 milhões ...
Em meio às chuvas de janeiro e às
denúncias de favorecimento ao seu estado natal com 90% das verbas da
Integração Nacional, o ministro Fernando Bezerra se viu obrigado a abrir
o cofre da pasta para projetos de todo o país, respondendo às pressões
políticas que sofre. Nos últimos três dias, o ministério divulgou
assinatura de R$ 27 milhões em convênios com prefeituras de Minas
Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Paraíba e
Piauí. Eles são destinados a projetos de canalização de córregos,
dragagem, drenagem de águas pluviais e obras de infraestrutura que
integram a lista de prioridades dos municípios.
Desde segunda-feira, Minas Gerais foi
contemplado R$ 7,25 milhões para três municípios. O ministério anunciou
convênio de R$ 6,9 milhões com Jenipapo de Minas, para o plano de
remanejamento e reassentamento de populações residentes em área de
barragem. Porteirinha, por sua vez, ganhou contrato de R$ 292 mil para
recuperar 10 quilômetros de estradas. Em Pirapora, a vazão da torneira
do recursos ainda é modesta: convênio de R$ 58,5 mil foi assinado para a
recuperação de estradas do perímetro rural. Enquanto isso, no
município, a prefeitura decretou estado de emergência. Na região de Três
Ilhas, área rural de Pirapora, pelo menos 40 famílias tiveram que ser
removidas, de acordo com o engenheiro José Carlos, da Defesa Civil
municipal.
No Centro-Oeste, Goiás e Mato Grosso
do Sul foram os estados que mais conseguiram recursos do Ministério da
Integração depois de Bezerra ter ido para o olho do furacão da crise
política. Itumbiara (GO) fechou convênio de R$ 1,3 milhão para a
canalização do Córrego das Pombas e Cidade Ocidental (GO) R$ 200 mil
para drenagem de águas pluviais. O Ministério da Integração Nacional
também esperou o período de chuvas para liberar R$ 1 milhão, em caráter
de urgência, para a contenção da erosão gigante que não para de se
expandir em Planaltina de Goiás, a 58 quilômetros do Centro de Brasília.
Em Mato Grosso do Sul, a liberação dos recursos veio com a assinatura
do senador Delcídio Amaral (PT-MS). O parlamentar solicitou verbas junto
ao ministério e anunciou que o estado recebeu R$ 13,5 milhões nessa
quarta-feira. (Josie Jeronimo, Vinicius Sassine e Juliana Braga)
... mas represa R$ 109 milhões
As dificuldades para garantir a
liberação e aplicação dos recursos de prevenção e respostas aos
desastres naturais se repetem anualmente mesmo entre os municípios que
tenham conseguido passar a difícil etapa de apresentar projetos
tecnicamente viáveis. Segundo levantamento da Associação dos Municípios
Mineiros (AMM), 51 projetos enviados pelas prefeituras mineiras
diretamente ao governo federal entre o final de 2010 e dezembro do ano
passado foram considerados corretos, ou seja, sem qualquer problema
técnico que os impedisse de sair do papel, mas parte deles permanece
parada nas gavetas dos ministérios. No total, esses projetos demandariam
em torno de R$ 109 milhões, que seriam investidos em obras de dragagem,
drenagem e restruturação de pontes. Cerca de R$ 45,5 milhões foram
prometidos às cidades mineiras, mas não há confirmação de que tenham
sido efetivamente gastos. O restante, R$ 64,5 milhões, consta nas listas
das pastas como recursos a serem liberados.
Segundo o superintendente da AMM,
Gustavo Persichini, os trabalhos para liberação dos recursos
emergenciais esbarra muitas vezes no desconhecimento dos passos a seguir
para receber o dinheiro em momento de grandes dificuldades estruturais
por causa das chuvas. “A necessidade está perdendo para a burocracia, e
em alguns lugares a situação é tão caótica que muitos prefeitos não
sabem como fazer para garantir o atendimento de suas principais
demandas”, comentou Gustavo. O superintendente explicou ainda que a
equipe técnica da AMM está à disposição das prefeituras para auxiliar
nas demandas mais urgentes e nos trabalhos de reconstrução.
Na terça-feira, uma comitiva
representando o governador Antonio Anastasia (PSDB) entregou à ministra
do Planejamento, Miriam Belchior, uma lista com 318 projetos de
intervenções apontadas pelas prefeituras mineiras e governo do estado
como necessárias para prevenção e recuperação dos municípios atingidos
pela chuva. As obras listadas demandariam investimentos de quase R$ 4
bilhões, com 206 ações para prevenção e 112 para recuperação das cidades
atingidas. (AA e MF).
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ass. Angelo Roncalli
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