PLENÁRIO / VOTAÇÕES
30/11/2011 - 18h55
30/11/2011 - 18h55
Governo e oposição fecham calendário para votar DRU e recursos para a saúde
Depois
de longa discussão entre senadores da base do governo e da oposição, os
líderes partidários chegaram a acordo em torno da votação da
prorrogação do mecanismo de Desvinculação de Receitas da União (DRU) e
da regulamentação da Emenda 29, que contempla recursos para a saúde. O
exame dessas duas matérias vinha sendo provocando quebra de braço entre o
governo e a oposição, já que ao primeiro interessa a rápida aprovação
da DRU, enquanto a oposição pressiona pela urgência na regulamentação da
Emenda 29.
O impasse sobre o
calendário de votações no Plenário foi solucionado na tarde desta
quarta-feira (30), após fortes críticas e acusações mútuas de quebra de
acordos e desrespeito a normas regimentais e constitucionais. Pela
manhã, depois de reunião dos líderes com o presidente do Senado, o
assunto parecia resolvido, mas as interpretações divergentes renasceram à
tarde durante a sessão plenária, a princípio comandada pela senadora
Marta Suplicy (PT-SP), 1ª vice-presidente, e depois pelo presidente José
Sarney.
Com o acordo, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 114/2011,
que prorroga a DRU até 2015, começará a ser discutida nesta sexta-feira
(2), tendo seus interstícios (prazos regimentais) quebrados. O
substitutivo da Câmara aos PLS 121/2007, que regulamenta a Emenda 29, continuará em regime de urgência.
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Antes
do acordo, que envolveu vários senadores e todos os líderes
partidários, os governistas haviam conseguido aprovar requerimento para
acelerar a tramitação da PEC da DRU, cuja discussão seria iniciada já na
quinta-feira (1º). Senadores do DEM, PSDB e PSOL argumentaram que a
quebra de interstício de uma proposta de emenda à Constituição não
poderia ser aprovada antes de passados dez dias da publicação da matéria
no Diário do Senado Federal. Este prazo só se completará na
próxima semana. Parlamentares governistas, também citando normas
constitucionais e regimentais, argumentaram que a quebra de interstício
estava dentro da normalidade.
-
Por que fazer acordos para depois não serem cumpridos. A palavra é a
única patrimônio que um político tem de verdade - protestou o líder do
DEM, Demostenes Torres (GO).
- Não
vamos ceder ao jogo de chantagem que está sendo feito aqui, cujo único
objetivo é tentar impedir que haja a votação da DRU - Disse o relator da
Emenda 29, Humberto Costa (PT-PE). E é exatamente por conta das
chicanas que estão sendo montadas aqui que nos utilizamos do Regimento.
Não fizemos nada antirregimental para que se quebrasse o interstício
nesse processo da discussão.
O
mesmo Humberto Costa já havia pedido o testemunho do presidente do
Senado, José Sarney, em relação ao que teria sido acordado na reunião da
manhã:
- A oposição apresentou uma
proposta, aceita por nós, de que até a próxima terça-feira, daríamos
uma resposta à oposição, se nós votaríamos ou não a regulamentação da
Emenda nº 29 ainda este ano. Não entendi muito bem por que essa matéria
foi colocada neste momento para o início da discussão. Porém, nós vamos
retirar a urgência, sim, e vamos colocar nossa cara claramente, porque
nós não temos vergonha da nossa posição em relação à condução da área da
saúde neste País.
A
solução foi, por consenso, contar as sessões de tramitação da DRU a
partir de sexta-feira, como queria a oposição. Em compensação, os
oposicionistas concordaram em dar mais prazo (até terça) para que o
governo apresente uma proposta de regulamentação da Emenda 29.
Logo
depois da resolução do impasse, o presidente José Sarney deu início à
apreciação do substitutivo da Câmara ao PLS 121/07 - Complementar,
justamente a matéria que regulamenta a Emenda 29. A base do governo
tentou então retirar a urgência dessa matéria, o que levou a novos
protestos da oposição. Em seguida, governo e oposição conseguiram chegar
ao acordo, tendo sido mantida a urgência. O relator da matéria, senador
Humberto Costa (PT-PE), se comprometeu a dar uma resposta até a próxima
terça-feira (6) sobre se o projeto será votado ou não.
Modificações
Humberto
Costa já havia avisado, no dia anterior, pretender modificar o
substitutivo da Câmara ao PLS 121/07. Ele adiantou que deverá retirar do
projeto emenda que retira os recursos do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb) da base de cálculo para definição do percentual
mínimo para a área de saúde.
O
líder do PT informou também que deverá convidar o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, para vir ao Senado debater o assunto. A queda de
braço entre governo e oposição sobre a regulamentação da Emenda 29
continua nos próximos dias. A oposição ainda acredita na aprovação da
matéria em 2011, mas os governistas tentam adiá-la o máximo possível.
Constituição
De
acordo com a Constituição e com o Regimento Interno do Senado, uma PEC,
depois de incluída na pauta do Plenário, precisa ser discutida, em
primeiro turno, durante cinco sessões deliberativas consecutivas. Nessas
sessões, podem ser apresentadas emendas, que devem ser assinadas, cada
uma, por um terço dos senadores.
Se
ao final da discussão não tiver sido apresentada nenhuma emenda, a PEC
pode ser votada em primeiro turno. A votação é realizada por meio do
painel eletrônico, exigindo o quórum de três quintos dos senadores (49)
para que seja aprovada.
Se
aprovada, deve ser incluída novamente na ordem do dia, para o segundo
turno de discussão e votação. Antes, é preciso que cumpra um interstício
de cinco dias úteis.
Em vez de
cinco sessões de discussão consecutivas, como é obrigatório no primeiro
turno de votação, no segundo turno são necessárias apenas três sessões
deliberativas de discussão, que não precisam ser consecutivas.
Assim,
a PEC que prorroga a DRU até 2015 poderá ser votada em primeiro turno
no Plenário do Senado na quinta-feira (8). Antes, na terça-feira (6), a
oposição vai cobrar o posicionamento definitivo da base governista sobre
a possibilidade de votação da regulamentação da Emenda 29 ainda em
2011.
Augusto Castro / Agência Senado
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ass. Angelo Roncalli
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