11h15m - 18 de Junho de 2012
Atualizado em 17h17m
Governo de Minas, OAB-MG, representação da ABI e AMM iniciam movimento para mudar a legislação relativa à Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
Omar Freire/Imprensa MG
População mineira adere à campanha, juntamente com o poder público e entidades de classe
O governador Antonio Anastasia
participou nesta segunda-feira (18), no Palácio da Liberdade, do
lançamento oficial de campanha em prol de mudanças na legislação sobre a
exploração dos recursos minerais. Intitulado “Movimento justiça ainda
que tardia”, a iniciativa, que pretende envolver toda a sociedade civil
organizada, tem a participação da seccional mineira da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), do escritório de representação de Associação
Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Mineira de Municípios
(AMM).
Adesivos nos carros
A campanha de conscientização para a necessidade da mudança tributária
tem como slogan “Minério com mais justiça – Como está não dá para ficar.
Mudança nos royalties do minério, já!”. Ela chegará às ruas por meio
de uma campanha publicitária, com a participação de diversas
personalidades e artistas que têm vínculos com Minas Gerais. Acompanhado
do senador Aécio Neves
e de representantes do “Movimento justiça ainda que tardia”, o
governador Anastasia adesivou veículos que circulavam pelo entorno do
Palácio da Liberdade, marcando o início da campanha.
“Sabemos que é uma demanda antiga de Minas Gerais e de outros estados
mineradores a revisão dos royalties. Por isso o nome ‘Minério com mais
Justiça’, que é a pretensão de que haja a revisão, pelo Congresso
Nacional, destes valores dos royalties, que em comparação com os do
petróleo, por exemplo, são muito pequenos, como também em comparação com
royalties minerais de outros países que têm também a mineração como
foco”, disse Anastasia.
O governador de Minas ressaltou a importância da atividade minerária
para a economia e o desenvolvimento do Estado, pelo grande potencial de
geração de renda e de empregos. Como a mudança das alíquotas da Cfem
depende de aprovação do Congresso Nacional e do aval da Presidência da
República, o envolvimento da sociedade é fundamental para sensibilizar
parlamentares e governo federal para que haja a mudança.
“Sabemos que é um tema de competência do Congresso. Por isso, é
fundamental que haja essa percepção pela sociedade do que significa os
royalties. Vamos, através de campanha na TV, mídias sociais e nas ruas,
chamar a sociedade de Minas Gerais e do Brasil para participar conosco,
de tal modo que as pessoas percebam a relevância que é a revisão desses
royalties”, completou Anastasia.
Popularização
O senador Aécio Neves, falando em nome de outras lideranças, ressaltou
que a campanha é cívica, “suprapartidária” e tem o envolvimento de
entidades importantes como a OAB e a ABI. Para Aécio Neves, o tema deve
ser popularizado, para que não fique restrito às discussões em Brasília.
“Queremos fazer com que essa discussão não envolva apenas a classe
política. É tão desproporcional hoje o que recebemos, estados e
municípios mineradores, em relação aquilo que recebem, por exemplo, os
produtores de petróleo, que queremos uma grande mobilização a partir de
Minas, obviamente alcançando outros estados mineradores como o Pará.
Vamos alertar o Congresso e o governo federal para a necessidade de
transformarmos aquilo que hoje é a variável em cima do resultado líquido
das empresas, descontados todos os custos para que a Cefem seja
aferida, nos royalties a partir do resultado bruto, como acontece com o
petróleo”, disse.
O senador afirmou que, até o fim de junho, a nova proposta deve ser
apreciada na Comissão de Infraestrutura do Senado. Pelo projeto de lei
defendido por Aécio Neves, a arrecadação da Cfem deve ser de cerca de 4%
sobre o faturamento bruto das mineradoras.
“Eu pretendo colocar em votação, se for possível ainda neste mês, esse
projeto na Comissão de Infraestrutura do Senado para que possamos depois
levá-lo ao Plenário. Temos que corrigir uma distorção de décadas com
relação à tributação da atividade extrativa mineral no País. Estamos
vendo as regiões mineradoras absolutamente degradadas, sem condições de
estimular uma outra atividade econômica que possa substituir a atividade
mineradora quando ela se exaurir”, completou.
Disparidade
Aécio reiterou que existe, atualmente, uma grande disparidade entre os
royalties do petróleo e do minério, o que prejudica estados como Minas
Gerais e Pará, onde a atividade mineradora é mais intensa. Enquanto em
2011, no Brasil, os royalties e participações especiais referentes ao
petróleo alcançaram a soma de R$ 25,8 bilhões, os valores arrecadados
com a Cfem foram de apenas R$ 1,54 bilhão. Desse total, 12% foram para a
União, 23% para os Estados e 65% distribuídos entre os municípios
mineradores.
No ano passado, Minas Gerais ficou com R$ 181,4 milhões arrecadados
pela Cfem. Enquanto isso, o Estado do Rio de Janeiro arrecadou cerca de
R$ 7 bilhões relativos a royalties e participação especial na exploração
petrolífera, ou seja, 38 vezes mais do que Minas com sua principal
atividade.
Com relação aos municípios, a situação não é diferente. Enquanto todos
os municípios mineiros produtores de minério receberam R$ 512 milhões,
no ano passado, os municípios fluminenses produtores de petróleo
receberam R$ 3,77 bilhões (sete vezes mais).
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ass. Angelo Roncalli
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